Usinas eólicas nordestinas serão as mais prejudicadas pela mudança na precificação de energia
Após sucessivas postergações, a implementação da nova forma de cobrança passa a valer em 2021
As usinas eólicas, especialmente as localizadas no Nordeste do País (onde sua expansão é mais acelerada) devem ser um dos players mais impactados do segmento, pois sua produção é intensificada à noite onde as condições do vento favorecem a geração e coincide com o período em que a demanda por energia é menor.
Após sucessivas postergações, a implementação da formação de preço da energia com base horária no Mercado Livre será implementada nas contabilizações realizadas pela Câmara de Comercialização de Energia (CCEE) em 2021.
Embora a aplicação do chamado preço horário também possa causar impactos nos consumidores, esses efeitos já vêm sendo analisados por grandes players de geração de energia elétrica há algum tempo.
Uma análise feita pela Trinity Energia comparou os efeitos da modulação contratual de usinas eólicas no Rio Grande do Norte e solares no Piauí com o PLD horário disponibilizado pela CCEE em 2019 e constatou que o empreendedor eólico assume um prejuízo de cerca de 10,00 R$/MWh para vender sua energia de forma flat, enquanto o gerador solar colhe um benefício de cerca de 1,32 R$/MWh.
Conforme a região de instalação da usina varia, varia também a disponibilidade do recurso para geração, de modo que os valores em risco podem mudar consideravelmente.
“A maior variação dos preços também abrirá espaço para que sejam exploradas novas formas de aproveitamento dos recursos renováveis, como a implementação de usinas híbridas, que combinam duas ou mais fontes de geração usando recursos diferentes. Começam a receber mais atenção também a possibilidade de instalação de bancos de baterias, para armazenamento da energia nos horários em que ela é mais barata, para posterior utilização nos momentos em que ela estiver mais cara”, avalia João Sanches, CEO da Trinity Energia.
Na mesma lógica da instalação das baterias, entram as usinas hidrelétricas reversíveis, que em momentos de elevada demanda de energia elétrica funcionam como como uma usina hidrelétrica tradicional, em que a água é escoada de um reservatório mais alto para um mais baixo, acionando uma turbina e gerando energia elétrica.
Em momentos de energia com custos baixos, no entanto, é acionada a função de bombeamento, que devolverá a água do reservatório inferior para o superior, devolvendo à usina a capacidade de geração.
Dessa forma, a análise e precificação dos riscos provenientes da implementação do PLD horário são fundamentais para a estruturação de um projeto competitivo.
Isso auxilia na definição de preços de comercialização da energia, elaboração da estratégia de contratação de produtos para gerenciamento desse risco – como swaps de modulação – ou mesmo na avaliação da implementação de projetos capazes de mitigar esses riscos, combinando fontes e instalação de baterias.
Saiba mais: https://www.trinityenergia.com.br/