FOMO: como 2020 despertou a atenção para uma síndrome ligada à tecnologia
Psicóloga Dra. Ana Gabriela Andriani explica que Fear Of Missing Out é caracterizada por muita ansiedade e comparação com os outros
Já parou para pensar em quantas vezes você checa seu celular por dia, mesmo sem nenhuma notificação? E o por que de fazer isso? A síndrome conhecida como FOMO (Fear Of Missing Out) foi descoberta pela primeira vez em 2000 por Dan Herman e aperfeiçoada anos depois por Andrew Przybylski e Patrick McGinnis como o medo de perder oportunidades e sentir que outras pessoas estão vivendo algo que você não está.
A psicóloga Dra. Ana Gabriela Andriani conta que “essa síndrome é comum em adultos e adolescentes e é caracterizada por muita ansiedade. A pessoa que possui FOMO está sempre conectada à internet e ansiosa para saber onde e o que os outros estão fazendo”.
Uma pesquisa da Sociedade de Psicologia Australiana mostrou que 51% dos adolescentes ficam muito ansiosos quando não sabem o que seus amigos estão fazendo.
Isso significa que, mesmo quando estão em uma roda socializando, eles precisam estar conectados à internet para se sentirem completos.
“Quem tem essa síndrome é uma pessoa que não consegue aproveitar o momento presente. É muito provável que ela seja deprimida, se sinta inferior e incompetente”, explica a psicóloga.
Como 2020 e o isolamento social contribuíram para o aumento da FOMO no Brasil
Por causa do isolamento social mundial causado pela pandemia do Covid-19, as redes sociais se tornaram mais importantes do que já eram para o convívio humano.
Por isso, segundo pesquisa recente da Universidade La Salle, nos Estados Unidos, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem de Internet Addiction Disorder (Transtorno do Vício de Internet) e isso afeta diretamente os pacientes de FOMO.
“O cenário da pandemia fez com que todos precisassem estar isolados em suas casas e isso causou um grande atrito entre a relação celular x ser humano. As LIVES estão em alta porque mostram, em tempo real, o que cada um está fazendo, mesmo que não estejam fazendo nada. Isso conecta as pessoas entre si para que elas não se frustrem com o seu isolamento”, comenta a especialista.
A interrupção digital é um vício que precisa ser trabalhado com ajuda profissional.
A FOMO traz uma constante comparação com o outro e um desejo de ter o que o outro tem.
“Esse ano está sendo complicado para pacientes viciados em redes sociais. O aumento do diagnóstico se dá não apenas pela quarentena, mas também, pelo desrespeito de alguns ao isolamento. Você estar em casa e o outro não, causa mais angústia e frustração ainda”, finaliza Dra. Ana Gabriela Andriani.
Sobre Dra. Ana Gabriela Andriani
A Dra. Ana Gabriela Andriani é graduada em Psicologia pela PUC-SP e Mestre e Doutora pela UNICAMP, além disso é pós-graduada em Terapia de Casal/Família pelo The Family Institute, Northwestern University – Evanston, IL (USA).
Ela também tem especialização em Psicoterapia Dinâmica Breve pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas/USP e aprimoramento Clínico em Fenomenologia Existencial na Clínica Psicológica da PUC-SP.
Mais informações: https://anagabrielaandriani.com.br/