Pandemia não deve impactar investimento-anjo no Brasil
Pesquisa liderada pelo GVAngels aponta que os 69,7% dos investidores-anjo que pretendem investir em startups ainda em 2020, devem voltar a fazê-lo no próximo trimestre
O grupo de investimento-anjo GVAngels, em parceria com a FEA Angels e a Poli Angels, elaborou uma pesquisa sobre o impacto da pandemia da COVID-19 no mercado de investimento-anjo brasileiro.
Dos 190 participantes, a maioria é formada por investidores-anjos dos três grupos responsáveis pela pesquisa e uma pequena parte são gestores de fundos de venture capital.
Do total, 50% apontaram que a crise não afetou sua predisposição de investir em startups early stage, sendo que para outros 10% o interesse nessa classe de ativos ainda aumentou.
Entre os que planejam investir ainda em 2020, 69,7% pretendem fazê-lo no próximo trimestre, a partir de agosto.
Para o GVAngels, a crise trará boas oportunidades para as startups.
Quando a Bolsa registrou fortes quedas em março, grande parte dos investidores-anjo preferiu priorizar ações de empresas consolidadas frente às demais classes de ativos disponíveis, visando retornos maiores à curto prazo.
De fato, a pesquisa realizada mostra que 39,7% dos respondentes priorizaram public equities e 19% apostaram em investimentos de renda fixa. Por outro lado, de 30% a 50% dos membros decidiram manter seus investimentos em startups no momento e focar em ações na Bolsa de Valores.
“Depois da queda abrupta da B3, investidores só de startups seguraram seus investimentos, enquanto investidores de ações voltaram a olhar para empresas early-stage. As startups são empresas disruptivas com um paradigma diferente das empresas já consolidadas na Bolsa de Valores. E aquelas que conseguirem atravessar a crise, mostrarão resiliência e liderança necessárias para ser a próxima geração de exits vantajosos – quem sabe até os próximos unicórnios brasileiros. Já cansamos de ouvir que algumas das maiores empresas como Facebook, Microsoft e AirBnb foram fundadas e financiadas em tempos de recessão e esses são os perfis de empresas que saem fortalecidas de tempos como esses”, diz Wlado Teixeira, diretor do GVAngels.
Com isso, o GVAngels defende que cenário atual traz grandes oportunidades para investidores apostarem em startups com descontos interessantes, e em certas instâncias, em downround.
“Haverá uma ligeira correção nos valuation e prolongamento do período entre rounds. Pela experiência que tivemos nos últimos meses, vimos que há uma tendência de readequação de 25% a 35% dos valuation que estavam inflados”, complementa o executivo.
Foco de investimentos durante COVID-19
Dada a vulnerabilidade das startups no momento, a prioridade do GVAngels atualmente é focar nas startups do seu portfólio, apoiando seu crescimento, fomentando sua atuação no mercado e ampliando ainda mais o potencial networking dos membros do grupo.
Além disso, a COVID-19 acelerou a tendência já existente de digitalização e a relação das empresas com a tecnologia.
O consumo de produtos digitais, videoconferências e compras on-line, aumentou exponencialmente, o que certamente envolverá importantes implicações na entrega de produtos e serviços, nas expectativas dos consumidores e nos requisitos legais das startups de tecnologia.
Para o GVAngels, as empresas de tech que conseguirem integrar essas mudanças em seu modelo de operação, com certeza receberão mais atenção de investidores.
Porém, o real impacto da crise causada pela pandemia só poderá ser realmente sentido em 2021, o que acentua a necessidade de priorizar visões de longo prazo.
Em tempos como estes, Wlado Teixeira observa que oportunidades se abrem para que as startups mais ágeis encontrem tração.
“Os modelos de negócios que surgirem para atender esse novo paradigma de mercado não apenas prosperarão, mas mudarão o mundo para melhor. Nosso objetivo neste momento é apoiar investidores e empreendedores a atravessarem com sucesso este período de incertezas”, conclui.
Sobre o GVAngels
O GVAngels é o grupo de investidores-anjo formado por ex-alunos da FGV.
Desde sua fundação, em Abril de 2017, a rede de 170 alumnis da escola já investiu cerca de R$ 6.5 milhões em 18 startups de alto potencial de crescimento e escala.
Além do aporte financeiro, as empresas investidas recebem acesso ao smart money de executivos C-Level e empreendedores de sucesso que compõem o grupo.
Mais informações: www.gvangels.com.br